quinta-feira, 8 de julho de 2010

Artigo: A era das bolhas


O sucesso atual do iPad é uma tendência ou novo modismo?

Os americanos não são as pessoas do mundo com a melhor formação escolar. Nunca fomos, nem nunca seremos, mas estamos entre os mais questionadores e inventivos. Se o americano é alguma coisa, com certeza é um sociólogo. Entender sociologia nos torna melhores em vender lixo a compradores de lixo. Marketing é sociologia. O mercado de ações é sociologia. Então queremos saber por que o tablet PC passou de uma ideia derrotada para a coisa mais celebrada do planeta. Nos Estados Unidos o iPad, da Apple, detém agora o recorde do menor tempo para vender o equivalente a 1 bilhão de dólares. Esse é o tipo de coisa que gostamos de analisar.

Sinto que algo mais profundo e significativo está em atividade. Mas não é sobre o iPad. O produto é apenas o centro da atenção atual. E não, não tenho um iPad nem faço planos de obter um. Já uso computador demais, o tempo todo: desktop, laptop, celular, tablet. Chega! Sem dúvida, dizer “chega!” e falar em excesso de computação numa revista de tecnologia é algo ruim. Ou não? Não.

Um dos gêneros de revistas mais populares é o de automóveis. As pessoas assinam as publicações e se entusiasmam com carros, mas não vivem num carro. Com tanto poder de computação acessado o dia inteiro, estamos essencialmente “vivendo no carro”. O que fazem as pessoas o dia inteiro com seus vários dispositivos? Aparentemente, ficam online para visitar amigos virtuais e perder tempo. Não há nada de errado nisso, mas parece um tanto excessivo. Isso me leva a um curioso ponto de investigação. Um amigo me sugeriu que estamos na era das bolhas. Ele argumenta, e eu concordo, que bolhas, modas, movimentos — qualquer nome que se queira dar — são o tema da atualidade.

Ele chegou a essa conclusão porque tivemos várias bolhas num tempo muito curto. As antigas aconteciam a cada 40, 100 anos ou mais. Desde que a tecnologia entrou em cena, temos visto bolhas de todo tipo: pontocom, ouro, imóveis de Hong Kong, habitação nos Estados Unidos. Hoje, ao analisar algo que é estranhamente popular, a gente sempre pergunta se trata de uma tendência genuína ou de um modismo. Pode ser uma coisa e outra. Tendências estão se transformando em bolhas. Isso torna a análise ainda mais difícil. Então, o que mudou? A única variável que vejo como possível raiz de tudo isso é a internet. Ela é a fazedora de bolhas.

Uma forma de se equilibrar é abraçar a bolha e sempre considerar o fato de que é uma bolha e você não deve ser surpreendido por ela. Ou seja, entre nela como um surfista, sabendo que está no topo de uma onda que é legal, mas não vai durar para sempre. Meu conselho é evitar o surfe, tomar um café e visitar (na vida real) os amigos. E não fale sobre seus PCs e celulares! Aproveite o tempo e adquira um iPad. Por que não?

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